Quando não se conhece a técnica da correção das trajetórias erradas e não se decide a este trabalho espontaneamente, a Lei recai, por meio da dor, manifestando-se desde o erro à necessidade de corrigi-lo. Quanto mais distanciados estivermos da Lei e insensíveis aos seus reclamos, proporcionalmente aumentará a dor devida a este afastamento, até tornar-se um fato tão insuportável que deveremos decidir-nos a eliminá-lo (o erro) a qualquer preço, reentrando na ordem. Uma tal potência corretiva automática deve-se ao fato de que o afastamento da trajetória individual daquela traçada pela Lei produz no ser um estado de desordem, de desarmonia, de dissonância, que se faz perceber como dor. E isso ocorre em proporção ao afastamento, de modo que quanto maior for, maior será a dor. A técnica dessa redenção, por meio da evolução, se realiza ao longo de um processo trifásico, que ao nível humano desempenha a função corretora das trajetórias mal orientadas, para levá-las aos trilhos da Lei , que seguem na direção do S (Deus). Este processo se realiza através de uma típica forma que poderemos chamar o ciclo da redenção.

Se olharmos o fenômeno no seu aspecto corretivo e salvador, poderemos ver essas três fases:
1 – fase inicial do erro (lançamento da trajetória errada)
2 – fase curativa da dor (sua correção)
3 – fase resolutiva da cura (trajetória justa)
O processo termina sempre com a chegada ao conhecimento, como à cura, ou salvação, ou redenção, isto é, a um estado em que essas metas são conseguidas.

 

Do livro ” A Técnica Funcional da Lei de Deus” – cap 06

 

 O ponto de partida do processo é a ignorância e o erro. Por que? Se o ponto de chegada do ciclo é o conhecimento, é lógico que no seu extremo oposto, o ponto de partida seja a ignorância. Eis então que, no início de sua primeira fase, o indivíduo vive nas trevas, não tem conhecimento, age por tentativas e isso o conduz ao erro. Porque um involuído, privado de consciência e conhecimento, não sabe autodirigir-se com inteligência, sabe apenas deixar-se arrastar pelos instintos que, neste caso, vêm do início de sua evolução. Como então corrigir tais erros, fazendo-se compreender por quem ainda não tem capacidade? Assim se justifica o aparecimento posterior da dor, necessária na segunda fase para desempenhar a função corretiva do erro. Dada a natureza do indivíduo, a dor se torna o único meio seguro para estabelecer um diálogo, e o modo pelo o qual a Lei possa mostrar o verdadeiro caminho a percorrer.

Como se vê, tudo é conseqüência do ponto de partida do ciclo, do qual depende o lançamento e a direção de toda a trajetória do seu desenvolvimento.

A causa primeira de tudo está na natureza humana egoísta e separatista, que é levada à procura somente da vantagem própria e do gozo nessa procura, e que não se detém a não ser quando obrigado pelo aparecimento do próprio dano e dor. É assim que a cada erro a Lei reage com uma dor proporcional, que cumpre a sua função corretiva, atingindo o fim principal que é o de ensinar e, assim, eliminar o erro, com a conservação de resultados tão ruins que faz cessar a vontade de repeti-lo. Aprende-se sofrendo o que não se é capaz de aprender raciocinando. Quando o aluno não possui ainda a inteligência de compreender, a sua formação vai-se fazendo justamente à custa de luta e sofrimento, já que a Lei não pode usar outro método na escola. E ensinar-lhes é necessário a fim de que, aprendendo essa lição, se salvem. Ele não sabe, mas deve aprender às suas custas que, num universo regido por uma Lei feita de ordem, uma violação desta ordem, pela própria natureza da infração, inevitavelmente deve doer em quem a pratica.

Dura conseqüência, mas segura e mesmo salutar, porque é a dor que, eliminado o erro que a gera, termina por eliminar-se a si mesma, já que funciona com um benéfico processo de auto-absorção; dada a repugnância que o homem tem pela dor, o fato de associá-la repetidamente à idéia do erro terminará por fixar na sua mente essa repugnância de modo que, eliminada a causa, também possa desaparecer o efeito. A verdadeira lição, a do endireitamento, virá depois.

Do livro ” A Técnica Funcional da Lei de Deus” – cap 06

 

 Esta é a fase na qual se experimentam as conseqüências da primeira, precedida pela escola da dor, para uma ação curativa do mal, com a correção dos erros. Nesta segunda fase tudo tem o caráter de fatalidade, uma vez que é conseqüência do que foi livremente preparado na primeira fase. Daí advém a importância de nosso comportamento neste primeiro período, porque é nele que se faz o lançamento da trajetória que, depois, automaticamente continua na mesma direção até a exaustão do impulso recebido. Disso depende o desenvolvimento de todo o ciclo desde o início definido e irrevogável.A segunda fase contém uma real experiência, feita na própria pele e sem possibilidade de evasão. Se a primeira fase é a de livre plantio das causas, a segunda fase é a da fatal colheita dos efeitos. Nesta, o fenômeno se acha mais avançado no seu desenvolvimento e começa a dar os seus frutos. Se a primeira fase é a do lançamento da órbita na direção anti-Lei, a segunda fase é a do choque com a órbita da Lei e, para o indivíduo, é a hora da experiência da dor. Por esse exemplo se vê a utilidade dessa segunda fase que, com a negatividade da dor retificando a negatividade do erro, corrige uma trajetória de enfermidade que tende à morte, com uma outra positiva de saúde que leva à vida. Essa fase é a determinista, na qual é a Lei que comanda, curando o mal e reconstruindo a ordem onde foi violada. Nela teremos uma vida de tipo diferente, não de abuso, mas de pagamento, não de desordem anti-Lei, mas de reordenamento segundo a Lei. O método é benéfico porque é uma defesa da vida e embora magoe é uma providência de Deus a nosso favor. Sem a ação corretiva que o detém e o remete ao caminho reto, o ser se perderia, tornando-se sempre mais desgastado e involuído. E nenhuma tentativa de destruição, subvertendo a ordem, tem sucesso, porque o resultado produz, infalivelmente, a lição adequada para corrigir quem, na sua inconsciência, cometeu aquele erro. É preciso compreender que tudo que é anti-Lei é anti-Deus e, pois, anti-vida. Podemos assim compreender agora mais exatamente que não é a Lei que reage; é o indivíduo que, lançando-se em direção oposta, vai contra ela. Então, é ele mesmo a causa do choque.

A Lei, sendo um conceito ou princípio imaterial, não se manifesta em nosso plano senão através das forças e formas que a exprimem. Quando ela exige do violador compensações para restabelecer a ordem, ela usa um outro indivíduo mais atrasado como executor do débito e da divina justiça, razão porque o devedor se apresenta como uma ocasião para satisfazer os próprios instintos maléficos. Para quem a suporta, esta oportunidade é uma prova; e para quem a usa para danificar o outro, é uma tentação e um erro em que este caiu. Assim, quem se encontra na primeira fase do ciclo, que é a dos abusos, é utilizado para dar uma lição corretiva a quem se encontra na segunda fase, que é a do pagamento. O mesmo ato cumpre, em duas direções, funções diversas nas mãos de quem o faz. O mal é culpa e débito para pagar depois à lei; nas mãos de quem o recebe é instrumento de redenção e pagamento da dívida à Lei. Assim todos trabalham para o mesmo fim, em diversas fases do mesmo ciclo. Os da primeira fase preparam, sem querer, a escola para os da segunda fase. Mas, por sua vez, deverão receber a mesma escola, quando atingirem a segunda fase, por parte dos novos que na primeira fase iniciam o ciclo. O indivíduo, ponto por ponto, constrói uma sabedoria com o próprio esforço, e esta se torna sua propriedade inalienável, e a mais útil conquista da vida. Aparentemente os dois tipos são inimigos, porque um inflige dano e o outro o recebe, mas na realidade eles fraternalmente colaboram para o bem comum. É assim que, na sabedoria da Lei, mesmo o mal termina por desempenhar uma função de bem – quem acredita que trabalha em sentido negativo, na verdade trabalha em sentido positivo. A estrutura desta técnica nos faz compreender como ocorre a correção do erro na segunda fase. O resultado de tais experiências forma uma conexão de idéias diferentes da primeira fase, isto é, à conexão entre erro e vantagem própria se substitui a conexão entre erro e dano próprio. Desce uma nova idéia corretiva da precedente, registra-se e aloja-se no subconsciente para ressurgir depois, assimilada sob a forma de instinto, como qualidade adquirida pela personalidade, para dirigir, de outro modo, uma outra vida. Assim se percorre a segunda fase do ciclo e se conquista o conhecimento.

Do livro ” A Técnica Funcional da Lei de Deus” – cap 06

 

 

Como a primeira fase leva à segunda, que a continua, assim a segunda leva à terceira. A primeira fase era positiva para o indivíduo, mas negativa diante da Lei. A segunda fase é negativa para o indivíduo, mas positiva diante da Lei. Não basta receber uma lição, é preciso também absorvê-la; não basta obter resultados; é preciso também assimilá-los e fixá-los na própria personalidade, transformando-os nas suas qualidades adquiridas.Chegamos assim à terceira fase. O seu conteúdo não é mais um trabalho de correção de trajetórias e de correção do erro em condições de choque, mas é de confirmação da posição correta, conseguida no final da segunda fase. Na terceira fase, cumpre-se o processo da trajetória correta para experimentar-lhe as vantagens e assim confirmar-se na sua verdade. Para ensinar que este é o melhor caminho, é preciso que aos sofrimentos passados acrescentem-se os bons resultados atuais. Assim, a função da terceira fase é a de confirmar definitivamente um dado campo de experiências, a posição de erro corrigido e de lição aprendida. Trata-se de construir-se conquistando o conhecimento. A dura lição da segunda fase dissuadirá o indivíduo de repetir os erros da primeira, e a lição da terceira lhe fará ver as vantagens do viver segundo a Lei. Agora, ele poderá ter uma vida de paz e alegria, na qual fará a experiência da ordem e de suas vantagens, vivendo segundo a Lei. Assim, gradualmente se progride no caminho da evolução nas suas zonas mais altas, a moral e espiritual. Partindo da nova posição conseguida, ele poderá iniciar um outro ciclo do mesmo tipo, mas num outro setor mais avançado, ainda não explorado, e assim por diante, reconstruindo-se e avançando no conhecimento sempre em direção ao S (Deus).A vida é um processo de experimentação que, através da técnica edificante das provações, tende a reconduzir o ser à consciência e conhecimento da Lei. Na vida encontramos indivíduos que estão situados na primeira fase; outros na segunda, outros na terceira. Explica-se, desse modo, suas diferentes condições. Podem haver destinos mistos, de passagem, em que encontramos as características de duas fases sucessivas. O indivíduo pode então ficar em poder de dois destinos diversos, o que morre e o que nasce; pode até acontecer que uma fase domine várias vidas. É difícil encontrar uma só das três posições em estado puro, senhora exclusiva do campo. É freqüente a necessidade de repetir a segunda fase corretiva, por ter persistido no erro, sem querer entender. A série desses ciclos de recuperação é tão longa quanto o caminho da evolução, e tão vasta quanto todas as qualidades do indivíduo. Mas o esquema do ciclo com a sua técnica permanece e se repete em cada caso. Dada a multiplicidade das pessoas e de suas diversas posições, encontramos na Terra um emaranhamento de destinos que, embora não se misturem, se tocam, se influenciam, se entrelaçam e podem combinar-se entre si. Deste modo involuído e evoluído se atraem reciprocamente. Cada um dos dois tem necessidade do outro para cumprir sua experiência. Na realidade, a verdade que poucos vêem é que o carrasco que experimenta a primeira fase, prepara para si mesmo uma vida de expiação corretiva numa segunda fase, em que ele pagará, tornando-se vítima. E a vítima, que viveu a segunda fase, prepara para si uma vida de redenção na terceira fase, onde será compensada pelo que sofreu. Todos, sem o saber ou querer, trabalham juntos, ajudando-se mutuamente. Podemos então ter uma série de destinos, que têm entre si uma conexão, ligados em órbitas coordenadas, a fim de realizar o mesmo trabalho. Nessa massa de destinos encontramos o do pecador, o do penitente, o do redimido.

Deste modo, passa-se da ignorância ao conhecimento, do engano à verdade, da falsa alegria à verdadeira, da desordem à ordem, percorrendo todo o ciclo nos seus três momentos: erro, expiação, redenção.

 

Do livro ” A Técnica Funcional da Lei de Deus” – cap 06