“S. Vicente, 24 de maio de 1971.

Nazarius,

Respondo a sua carta de 11 de maio.

Agradeço pelo pacote de Avancemos de maio, com “A Verdadeira Religião”.

A carta que você me fala ter enviado em abril não chegou, de modo que não sabia nada do seu curso em S. José dos Campos.

Neste ano tivemos tantos compromissos em S. Vicente que não foi possível afastar-me para Cotia. Talvez iremos no mês que vem, uns dez ou quinze dias. Agora, no inverno, é mais difícil. Se você quiser aparecer aqui é só avisar-me por telegrama, ou concordamos tudo por carta com antecedência.

Não se preocupe. Aqui vamos indo bastante bem.

Já saiu para a Itália o segundo volume, Análise de Casos Verídicos. O primeiro, Como Orientar a Própria Vida já o tem, em italiano. O segundo, eu mesmo o datilografei.

Como você vê, não estou parado.

De saúde, sempre o mesmo. Com um regime regular, posso trabalhar mentalmente.

O livro Cristo encerrará a Obra, neste Natal de 1971, tudo estará regularmente executado, como previsto em Profecias, quarenta anos depois que iniciei (Natal de 1931).

Não me falta trabalho: editar os últimos livros, acompanhar as edições em espanhol (agora está sendo publicado O Sistema, em Buenos Aires), espero publicar os dois volumes acima em inglês.

Estou escrevendo o resumo de cada um dos 24 livros, duas páginas cada, 48 páginas, mais duas de autobiografia, total de cinquenta páginas para o Dicionário Literário Montaner Y Simon, em Madri (Espanha). Além de tantas outras coisas miúdas, artigos para revistas (Conocimiento de Buenos Aires, e outra da Itália etc).

Em anexo a Mensagem ao VI Encontro em Brasília.

Aqui todos bem. Um grande abraço a você e a todos os amigos. Seu

Pietro Ubaldi”

“S. Vicente, 11 de junho de 1971.

Nazarius,

Respondo a sua carta de 1º de junho.

A respeito de Cotia, houve nova mudança. Talvez iremos dois ou três dias em junho (não em julho).

Assim em julho ficaremos todo o mês em S. Vicente. Você me encontrará aqui qualquer dia, também sem aviso. Estou a seu dispor.

Escreveu-me Clóvis Tavares que deseja visitar-me em julho, vou responder-lhe que estarei ao seu dispor.

Como não posso marcar o dia para cada um de vocês, é melhor que concordem e venham em datas diferentes.

Aqui tudo bem. Contar-lhe-ei tudo quando chegar.

Um grande abraço de nós todos.

Seu

Pietro Ubaldi”

COMENTÁRIO

Junho de 1971. Faltam-lhe apenas seis meses para completar a missão, término tantas vezes profetizado. A Obra já está completa, faltando apenas completar a gravação e escrever o Prefácio do livro Cristo.

Fisicamente, dobra-se sob seus 85 anos; espiritualmente, está preparado para uma nova vida. Vai lançar-se nos braços da morte? Não, ninguém morre. Vai ao encontro de uma vida mais bela e sublime. Lutou, trabalhou, cumpriu o seu DEVER, obedeceu à Lei. Semeou para colher agora. Quem semeou flores, só pode colher flores, quem semeou tanta luz só pode ter sua alma iluminada.

Pietro Ubaldi sente-se feliz por ter essa idade e mais ainda quando pensa no fim de sua vida terrena. Que lhe falta? Nada, tem tudo de que precisa neste mundo e necessita de tão pouco para viver. Se nunca foi amante das muitas iguarias, agora, então, sua alimentação é regular e leve pelo envelhecimento natural das células de seu organismo.

Tristeza de perder os amigos ou de ficar longe da família? Nenhuma, pois tem certeza de que vai continuar com todos, porque está ligado por laços espirituais comuns.

Inimigos para perdoar? Nunca teve. Sempre perdoou aqueles que desejaram fazer-lhe mal. Era mestre em transformar o mal em bem, porque o mal só existe a serviço do bem, quando descobrimos as suas próprias causas. Era feito de dor, porque sua alma supersensível sofria com a ingratidão do ser humano. Os fatos negativos aconteciam, enquadrava-os na Lei, observava, compreendia e continuava amando e perdoando sempre.

Riqueza material para deixar? Nenhuma, desde que fez os votos de pobreza, em 1927, jamais se arrependeu. Riqueza espiritual? Tinha em abundância. Distribuía-a com todos e quanto mais dava mais recebia. A fonte era inesgotável!

Defeitos? Provavelmente tivesse alguns ou muitos perante a Lei de Deus, mas era difícil encontrá-los.

Virtudes? Impossível mencioná-las. Era feito de Amor, de bondade, de perdão, de paz profunda, de fé em Deus, de trabalho e de inúmeras outras virtudes.

Este é o viver de um ser diferente, que está próximo do fim desta vida e retorna à outra.