Observemos o fenômeno de nossa vida e destino. Existir, no relativo, significa possuir uma duração própria, como transformismo fenômenico, que é o incessante caminho do devenir, ao longo do qual se move. Este movimento é na direção evolutiva, isto é, na direção do AS para o S. Cada forma de existência, cada fenômeno, cada vida é constituída por uma trajetória ao longo do qual se movem. Esta trajetória tem o seu percurso estabelecido pelos impulsos que a lançaram. Cada fenômeno está fechado dentro da sua lei, que lhe estabelece o desenvolvimento. O mesmo acontece no fenômeno de nossa vida.  Já tratamos em outro lugar da estrutura e da formação da personalidade.*** Do nascimento até os vinte anos, o indivíduo trabalha no seu desenvolvimento físico e mental, repetindo e reassumindo o caminho que sua evolução percorreu no passado até chegar ao ponto em que se encontra. Mas, findo este trabalho de repetição, no qual a trajetória da vida retorna sobre si mesma para reassumir todo o passado, na época da maturidade se inicia o lançamento da trajetória de uma nova vida. Esta se desenvolverá em obediência ao lançamento inicial, até atingir seu apogeu, para depois descer, descrevendo um arco e fechar sua trajetória.

Quais são os princípios que regulam este arremesso em órbita, para seguir o trajeto que chamamos destino? Esse trajeto só chega a ser conhecido pelo indivíduo já velho, com o caminho já percorrido, quando retrospectivamente tudo pode ver. Mas jovem, ignorando-o, ele o segue por instinto, movido por seus impulsos, agindo sem consciência do que faz. Estamos numa fase determinista. Nesse período, com experiência mínima, tomam-se as mais graves decisões e as posições que constituem as bases de toda uma vida, às quais permaneceremos ligados até o fundo. Ele faz o arremesso no momento em que é mais inexperiente, incapaz de prever, deixando-se cegamente dirigir pelos seus impulsos. Então nos perguntamos: que significam os impulsos que movem o indivíduo, como existem, quem os construiu? São eles o resultado do passado, porque dependem das qualidades  com que o indivíduo construiu seu tipo de personalidade, que permanece definida por elas, como um feixe de forças em movimento, interligadas num campo dinâmico fechado. Tudo isto se formou através de experiências de vidas precedentes e representa o resultado impresso no subconsciente, constituindo o capital armazenado que o indivíduo carrega consigo na vida sucessiva. São essas as qualidades que estabelecem quais são as atrações e as repulsões que determinam, no ambiente, a escolha de uma coisa ou de outra.

Desde o ingresso na nova vida tudo está fixado, o que significa que já estava estabelecida a direção da trajetória, porque o arremesso foi feito desde o final da vida precedente, pelas forças livremente em movimento e que acompanham o indivíduo até a sua exaustão. Eis que a parte mais importante da própria vida cada um a traz consigo. Então é inútil dizer depois: “se tivesse feito de outro modo”, dado que não se pode fazer de outra maneira. Para proceder de outra forma é necessário ter outro destino. Mas como o indivíduo pode ser outro, com outro tipo de personalidade e com outras qualidades? Que se procure, pois, viver corretamente porque tudo recai sobre nós. Uma vida errada nos liga a um doloroso destino de correção, o que significa uma grande fadiga, a que ficamos ligados. Urge, pois, corrigir em tempo a trajetória, enquanto a percorremos durante a vida, introduzindo nela, com o nosso livre arbítrio, novas modificações, e não esperar que ela se fixe porque então se torna destino fatal.

Do livro ” Técnica Funcional da Lei de Deus”   cap 05

 

***As correntes vibratórias que nos percorrem a personalidade  vem de quatro fontes, representantes de quatro mundos, quatro sínteses, fruto de longo passado. São: 1) o eterno eu espiritual, 2) o ambiente terrestre, 3) o elemento paterno, 4) o elemento materno. Se grafarmos a reta da bipolaridade vertical sobre a reta da bipolaridade horizontal, obteremos o desenho de uma cruz, em que os quatro termos correspondem aos quatro braços. No alto da cruz teremos o espírito, em baixo o ambiente-matéria, no braço esquerdo o elemento paterno e no direito o materno. As experiências ambientais, se quiserem atingir o espírito, devem atravessar o organismo físico. As correntes vibratórias oscilam de cima para baixo e de baixo para cima, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita; em todas as direções se trava luta. A personalidade representa o resultado dessa luta, a síntese desses elementos; por isso, pode ser múltipla, como se oscilasse entre os diferentes pólos extremos.

Do livro ” Nova Civilização do Terceiro Milênio”, cap 27