"S. Vicente, 7 de dezembro de 1967.

Nazarius,

Recebi a sua carta de 25 de outubro.

O Cônsul está aqui desde o dia 2; irá para Brasília, sábado dia 9.

Como você já me falou, este ano não o esperamos mais, até julho de 1968. Além disso, esperamos fugir daqui antes do Natal.

Estou sempre escrevendo o livro Pensamentos.

Lá, em Brasília, agora temos três transmissoras com três novos programas semanais. Temos mais um em S. Paulo, Rádio Nacional de S. Paulo – todos os domingos, às 7:50h da manhã –, estamos organizando um em Santos, etc.

Pastorino continua lhe enviando as apostilas do seu curso de A Grande Síntese?

Saiu o novo livro A Descida dos Ideais. No pacote que Kokoska enviará a você, juntei mais dois exemplares com dedicatória, um é seu e o outro é de Clóvis, peço entregar-lhe.

Os números de Avancemos estão ótimos. Parabéns pelo envio de 840 exemplares aos Centros Espíritas!

Lá em Cotia, espero adiantar, em paz, o livro Pensamentos. Como vê, trabalho não falta.

Hoje está fazendo 15 anos que cheguei ao Brasil e desembarquei no dia seguinte em Santos com a família. Estamos comemorando com o Cônsul.

No próximo ano, o Engenheiro Sérgio Giulieto vai dar um curso na Universidade de Brasília. Eis os títulos das primeiras palestras: 1) Biografia de Pietro Ubaldi, 2) Universo Material, 3)Da Matéria à Vida, 4) Origem do Homem, 5) O homem e a Sociedade, 6) O Homem e o Absoluto, 7) Unidade e Síntese.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo a você, aos seus e aos amigos de Campos.

Um grande abraço de todos nós, que o lembramos com afeto. Seu de sempre

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

“Como você já me falou, este ano não o esperamos mais”.

O discípulo não seguiu à risca as pegadas do mestre. Logo que se viu com o diploma na mão e com o registro de habilitação para lecionar Física, selecionou os melhores empregos. Projetou-se, imediatamente, como um bom profissional, cumpridor do dever e das ordens recebidas. Certa ocasião, ouviu da Vice-Diretora da E.T.F.C. esta expressão: “Professor, o Sr. não traz problema e sim solução”. Era sempre um inovador e não aplicava projeto algum sem que fosse aprovado pela Direção da Escola. Por isto, assumiu compromisso no Liceu de Humanidade de Campos (1962), na Faculdade de Filosofia de Campos (1966) e na Escola Técnica Federal de Campos (1967), para amealhar recursos e uma boa aposentadoria no futuro. Ficou escravo do trabalho material por 30 anos; quando se aposentou de todos eles, passou a dedicar-se, integralmente, à divulgação da Obra. O trabalho nas escolas foi o motivo pelo qual não pôde ir passar alguns dias com Pietro Ubaldi, em dezembro de 1967.

Vemos na missiva acima que o interesse pela Obra está crescendo através dos programas de rádio e o Professor não tem mais condições de acompanhar essa divulgação com sua presença. A Obra seguirá seu próprio destino. Se a Lei sempre defendeu seu representante terreno, é sábia e tem recursos para fazer a Obra caminhar através de seus colaboradores, afastando aqueles que a prejudicam, mesmo involuntariamente.

O Autor, se no passado, quando tantas tempestades desabaram sobre sua cabeça, sempre esteve tranquilo, agora, no final da vida e da missão, não tem porque preocupar-se, continua cumprindo o DEVER, diante de Deus e das leis terrenas. “Trabalho não falta”, ainda lhe restam mais quatro anos.

Todo livro publicado era sempre uma alegria renovada, por isto enviava um exemplar a cada amigo, dos mais íntimos – eram muitos – com sua dedicatória, foi o caso de A Descida dos Ideais.