"S. Vicente, 26 de janeiro de 1965.

Nazarius,

O Cônsul enquanto estava no Rio foi chamado a Montevidéu, no Sábado, dia 9, e teve que viajar para Santiago do Chile, para substituir o Embaixador de lá, falecido nestes dias. Assim não viajei mais. Se tivesse viajado deveria ter voltado logo.

Hoje recebo uma carta dele, dizendo que vai ficar muito tempo, talvez um ano.

Para mim, é menos trabalho.

Há uma vantagem: Santiago vai ser um novo centro de difusão da Obra, porque lá temos muitos amigos.

Já estamos no meio das férias e não há tempo para planejar qualquer programa.

Resolvemos durante o mês de fevereiro, até o carnaval, ir para uma chácara, perto de S. Paulo.

Levarei o novo livro para escrever. Trabalho nunca falta.

Fiquei esperando até hoje, porque só agora recebi do Cônsul a notícia de sua função no Chile.

Neste período acordou tudo de improviso. Não é mais como no ano passado que tudo estava morto. Além disso, Campos está muito distante de S. Paulo. É uma pena que você não more mais perto.

O médico me aconselha um clima de planalto, como nos arredores de S. Paulo, e não um clima quente como o de S. Vicente ou de Campos.

A sua casinha de Grussaí está pronta?

Nunca esquecerei o período que passei com vocês, há um ano. Os cuidados de sua Leinha.

Dentro em breve vou acabar o livro: Um Destino Seguindo Cristo, que iniciei lá.

Na Rádio em S. Paulo, li “Libertação” que escrevi lá, fiquei comovido. Espero suas boas notícias.

Temos alguém que nos leva a correspondência uma vez por mês.

Na Manchete deverá sair uma entrevista minha.

Saudades a todos, desejando felicidade.

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Já dissemos alhures que para descobrir a vontade da Lei, devemos observar a harmonia dos acontecimentos; se estes ocorrem em total desarmonia e queremos acertar, só nos resta buscar o outro caminho, o da Lei.

Vamos analisar dois exemplos, do conhecimento de nossos leitores, para observar como funciona a Lei de Deus:

1. A viagem de Pietro Ubaldi a Grussaí. O planejamento foi feito com muita antecedência. Todas as hipóteses foram previstas, até mesmo se houvesse uma greve dos ferroviários, muito comum naquele tempo. A companhia e o problema da saúde. Tudo foi pensado. Isso era natural, porque o visitante era importante e a idade não lhe permitia mais viajar sozinho. Os acontecimentos foram harmônicos, em cada momento se observava a vontade da Lei. A viagem foi um sucesso!

2. A viagem a Montevidéu. Desde o início a sua desarmonia era evidente. O planejamento feito em Grussaí para Nazarius acompanhar o Professor, em julho, foi cancelado. O condicionamento da viagem à construção de uma casa do Cônsul em Montevidéu. As sucessivas mudanças de data: julho, outubro e janeiro. Finalmente a mudança do Cônsul do Uruguai para o Chile, impossibilitando assim a viagem.

O Professor, um servo a serviço da Lei, simplesmente acompanhou os acontecimentos e ficou tranquilo, como sempre.

Confrontando esses dois acontecimentos, poderíamos analisar tantos outros. O próprio leitor pode fazer essa análise com os fatos acontecidos consigo e descobrir os que foram a favor e os contra a Lei, pela harmonia dos acontecimentos. Depois de analisar o passado, fica mais fácil compreender o presente e até prever o futuro. Isso Pietro Ubaldi fazia com muita naturalidade e vivia tranquilo, porque estava seguro de que seus atos obedeciam à vontade da Lei.