"S. Vicente, 13 de março de 1955.

Nazarius,

A minha escolha foi providencial. Você é simples e bom amigo. A riqueza, o poder, a fama me dão nojo, porque já conheci traição e amargura no fundo de tudo isso.

Nestes dias a filha esteve doente, a empregada desapareceu, e todos nós tivemos que correr bastante. Fiquei muito cansado e esgotado.

O apartamento novo está sendo arrumado: luz, água, fogão, fechaduras, divisórias na varanda etc. O quartinho no terraço vamos fazer depois.

Recebi o seu telegrama dizendo que chegou bem.

As cópias da Mensagem da Nova Era ficaram ótimas.

Seria um sonho libertar-me desta luta material.

Pergunte ao Clóvis se os manuscritos que lhe mandei já foram traduzidos, se ainda não, peça-lhe para enviar-me, preciso olhar algumas notícias para outro trabalho que estou aprontando.

Meu pensamento está com você.

Nos próximos dias estarei viajando para o interior.

Lembranças a todos os seus.

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

O milagre aconteceu. Exigiram de Pietro Ubaldi a devolução do apartamento que lhe foi doado, verbalmente, para morar, enquanto precisasse, na Av. Manoel da Nóbrega, 686. Foi um terrível golpe em sua vida, porque na Europa não se age assim e não tinha para onde ir. Esperou que a Providência Divina lhe apresentasse uma solução. Na verdade só um milagre e este chegou na hora certa, com absoluta precisão, um ano depois que a luta começou.

Um rico fazendeiro de café, Benedito Zancaner – conhecia Pietro Ubaldi desde 1951, porque foi seu hóspede, quando fez conferências em Catanduva – soube da história do apartamento e, orientado por um benfeitor espiritual, foi a S. Vicente, conheceu toda a verdade, dita pelo próprio Professor, e prometeu ajudá-lo.

Às nove horas da manhã de 14 de fevereiro de 1955, chegou o oficial de justiça e entregou uma notificação judicial pedindo a devolução do apartamento; não foi surpresa, porque as conversações já se arrastavam há meses. À tarde, logo após o almoço, o Prof. Ubaldi foi ao Banco, em Santos, eis o milagre: Benedito Zancaner tinha mandado uma importância significativa, que daria para comprar um apartamento. Neste dia, às 2:30 horas da tarde, tinha certeza de que não estaria mais desamparado. Nazarius estava lá, testemunhou o acontecimento e anotou todos os dados em seu diário. No dia seguinte, Pietro Ubaldi e o visitante foram procurar um construtor italiano, conhecido do Prof. Ubaldi. Ele tinha um apartamento na Praça 22 de Janeiro, 531, 9º andar, Edifício Nova Era, o nome deste Edifício é o mesmo do título da última Mensagem ditada por “Sua Voz”, no Natal de 1953. Ubaldi gostou e na tarde daquele dia o negócio ficou fechado. Três dias depois, dia 18 de fevereiro de 1955, a escritura foi lavrada e assinada.

Este fenômeno inusitado foi relatado pelo próprio Pietro Ubaldi em seu livro Profecias: “Gênese da II Obra”.

Ter resolvido o problema do apartamento foi importante, mas Pietro Ubaldi era sensível e qualquer luta material o deixava abatido e angustiado, às vezes, tinha de enfrentá-la sozinho. Preocupações com as coisas do espírito lhe traziam conforto, mas com as da matéria o desgastavam profundamente. Daí o estado de espírito que manifestou em sua carta.