Lancemos o olhar em derredor. Hoje, em nosso mundo impera o materialismo que na prática significa racionalismo, egoísmo, força bruta, destruição, dor, estados conexos e ligados entre si numa cadeia fatal, até o fundo. Isto é natural, parque o materialismo representa a filosofia do involuído, que não sabe apelar senão para os instintos bestiais, pois que não pode compreender mais do que isso. Ao materialismo se contrapõe o espiritualismo, que possui características opostas e se pode denominar, quando elevado, a filosofia do evoluído. Essas duas atitudes do pensamento humano se defrontam hoje no mundo, em luta desesperada, uma das formas da luta entre o bem e o mal. E cada uma, consoante a própria natureza; põe-se de um ou de outro lado.

É evidente que, se num período de materialismo se fala de ideologias — e nunca como hoje se falou tanto — isto não pode ser senão por espírito de mentira, que faz parte dos métodos do involuído. Outra interpretação não se pode dar ao apregoamento de ideologias que hoje se observa, quando a substância que apoia a maior parte desses estandartes é bem diferente: é a voracidade do lobo, é o mais desapiedado egoísmo, é o espírito avassalador de domínio, quer do indivíduo, quer de família, quer de nação. O pendor para mentir hoje esta tão difundido que já não interessa mais qual seja a ideologia, tanto é verdade que o seu conteúdo mal consiste na mesma coisa: mentir, conquistar, dominar.

De tudo isto nasceu uma extraordinária recrudescência da luta pela vida. O racionalismo mal disfarça uma realidade bestial em que o lobo, não importa em que forma social, alia-se a outro lobo apenas porque a união faz a força, tornando mais fácil vencer e pilhar. Formam-se assim as associações de interesse que mantém ligadas em compostas unidades algumas classes de indivíduos, não importando qual sejam a sua categoria e tipo biológico, nem os objetivos aparentes apregoados ou o lugar da terra onde tudo isto se passa. Essas diversas formas são aparências de um mesmo problema substancial, que é a luta, a ofensiva e a defensiva que se tornam mais fáceis se executadas em grupo. Não importa, pois, se esses agrupamentos possuem características e objetivas religiosos, econômicos, políticos etc.. Reduzamos todas essas diversas formas à sua nua realidade biológica e então compreenderemos. Atrás de todos os princípios que deveriam educar o homem, esta na realidade o homem que quer submetê-los a si mesmo, adaptá-los às suas necessidades, que antes de mais nada ao biológicos, isto é, de animal que quer viver.

Nesse estado de coisas, tendente cada vez mais ao caos, do "homo homini lupus"26 , prepara-se em vão no mundo um poder, uma autoridade superior que restabeleça a disciplina, sem a qual não são possíveis a paz e o bem-estar. As nações procuram unir-se, como fazem os homens nas classes sociais, com o escopo da ofensiva e defensiva. Formar-se-á um espírito de grupo, não mais apenas de indivíduos, mas de nações, sólido porque é utilitário. A psicologia da alcatéia de lobos estender-se-á dos indivíduos aos povos, que se coalizarão em classes dominantes, como acontece antes no seio de qualquer nação. Os fenômenos sociais se compreendem apenas quando vistos pelo que são, isto é, particulares fenômenos biológicos. Mas ainda que as unidades em luta se tornem cada vez mais vastas, isto não basta para formar um poder superior a todos os parciais terrestres. Superior quer dizer ser melhor pela inteligência capacidade e bondade. Isto existe no super-homem, no homem de gênio  no herói, no santo. Mas estes são excessivamente escassos, agem, pois, isolados, insuficientes para a formação de um grupo e, ademais, não se coadunam com a psicologia do domador, indispensável para a formação da alcatéia de lobos necessária para dominar. Mesmo que os materialistas não saibam, porque não podem compreender (dado que essa é a psicologia do involuído), esta inteligência ou poder diretor central existe, mas não reside na terra e por isso não é passível de agressão nem destruição. Ela é Deus, ainda que a esta palavra tenhamos de dar apenas um sentido científico, de mente e vontade diretoras da vida. Não há motivo para desencorajamento, se falta a diretriz humana. Se esta existe, em verdade é muito relativa. De resto, ela não faz falta e, nas mais das vezes, seria prejudicial como vemos. Nem por isto a história é destituída de senso e caminha ao acaso. Ainda que os chefes freqüentemente nada saibam do pensamento de Deus, nem por isto esse pensamento, que não se vê e que não é acessível ao involuído rebelde e destruidor, deixa de tudo guiar, mesmo em ação deletéria deste último, para os fins construtivos do bem.

Quem vê em profundidade, onde o materialismo involuído não alcança, não se alarma e diz: tende fé. O que quer que suceda, Deus tudo sabe e tudo orienta para o melhor. As iniquidade são de superfície e na superfície visíveis. Deus trabalha por baixo, na intimidade das coisas, para ressurgir sempre contra todos os assaltos e por isso é verdade que a vida sempre vence a morte. Se na profundeza esta Deus, silencioso e perene criador, na superfície esta o mal, rumoroso, destruidor e encerrado no tempo. O mal naturalmente se contradiz e nenhuma psicologia é mais contraditória do que a racionalista moderna. Hoje se acredita poder-se chegar à posse através da destruição, à alegria semeando a dor, ao bem-estar por intermédio da guerra e ódio de classe. Mas para possuir é necessário ordem, disciplina e não rebeldia; para progredir é necessária a sábia obra construtora dos melhores e não dos piores, dos pacíficos e não dos delinqüentes; é imprescindível paz e segurança. Mas como é possível enriquecer por meio de agressão e furto recíprocos? Este processo resseca as fontes de toda riqueza, que só pode nascer do trabalho pacífico e da confiança. Não é mais lógico aspirar ao bem-estar por uma elevação geral no nível econômico através de um trabalho concorde, do que esperar melhoramentos de uma destruição alternante e improdutiva? As armas preparam o deserto e a morte, não o bem-estar e a vida

Remedeia-se, pedindo um esforço em vista de um paraíso futuro, que não é o apregoado utópico dos céus, mas real, na terra. E escarnecem do paraíso celeste, conquistado por esta realidade. Mas isto em pelo menos a vantagem de ser uma promessa sem controle, porque se mantém no outro mundo, enquanto que a outra, a do paraíso terrestre, já se via que ninguém conseguia cumprir. Por este motivo poucos são ainda os que crêem em fenômenos semelhantes. Embora a ciência e o progresso tenham caminhado, a dor, se não cresceu, pelo menos não diminuiu. Que descrédito! Se tais promessas materialistas do paraíso terrestre foram logo compreendidas e aceitas, a razão está em que elas se dirigem aos instintos animais do homem. A via, a princípio, como para todas as vias do mal, é fácil. Mas esses instintos não raciocinam e exigem satisfação. Desde que esta falte, verifica-se a revolta. O animal morde se se vê maltratado e o involuído, que é presa do materialismo, é feroz.

Uma fé que origine esperança, em qualquer coisa que supere a miséria cotidiana e a humana insatisfação, e salve o homem da desesperação das mas horas, é necessária a ele. A fé possui essa função biológica de defesa, de resistência e de recuperarão. É uma verdadeira força para a luta, mesmo material. Destruir essa fé é perigoso, porque então se desarma a vida dentro da dor. Que meios fornece o materialismo que possam compensar a perda de tais defesas? Que dizer então, quando a compensação oferecida, o paraíso terrestre, animalesco e vegetativo, não se realiza mais e, quando ainda se verifique, a alma, como é natural, não se encontra satisfeita com ele e procura outro? Mesmo atingindo o bem-estar material, sabe-se que não só de pão vive o homem. É difícil saciar o homem, ainda que lhe dando todo o bem-estar. Quando, pois, além disso, se dissemina a luta e, por conseguinte a dor, e isto ao lado de uma filosofia atéia, o absurdo é evidente. Sim, porque nunca é tão necessária a fé como na dor. Quem semeia a dor, ainda que seja ateu, justamente porque semeia a dor, compele a uma fé em um paraíso situado algures, porque sem uma esperança de felicidade, cá e lá, não se vive. Isto é instinto. Quem, pois, destrói Deus, para imperar com a agressão, abre as vias do céu, que conduzem a Deus. Somente a ingenuidade do involuído pode acreditar que uma fé se possa destruir com a força. Oprimindo-se, cria-se a fé, porque esta satisfaz a ânsia de pregar. Ouvi dizer: a este as coisas na terra devem ter andado mal, para que se tenha voltado com tanto fervor a Deus. Nesse erro caíram os imperadores romanos perseguindo os primeiros cristãos, e caem os perseguidores de todos os tempos. Para cada mártir caído nascem cem novos crentes.

Mas a reação das massas pode assumir a direção oposta, quando se trata de involuídos. A dor pode, ao invés de elevar, embrutecer. Neste caso costuma-se-lhes atirar um cibo de ódio e a posição de domínio se salva, instigando-os contra uma presa humana cada vez maior. É um pedaço de pão que se dá a expensas alheias, como primeira realização terrestre do paraíso prometido. Porém a via é perigosa. Como todas as vias do mal, é fácil apenas no inicio, transformando-se em catastrófica no fim. Ela torna necessária uma inexaurível coorte de vítimas que se devem despojar para serem dadas em pasto. O sistema da luta de classes é o mais antiprodutivo e se pode transformar em verdadeiro parasitismo. Arrisca-se, com ela, a chegar a uma reação, ou realmente pior, à destruição do trabalhador, pacífico produtor e, consequentemente, de todo o bem-estar. O sistema está ligado à necessidade de auxiliar cada vez mais a área de destruição em que ele trabalha. Como as guerras, esse sistema está unido à força e à necessidade de conquistas sempre novas que o justifiquem. Essa necessidade está implícita na própria natureza do sistema e por isso o tornará cada vez mais feroz e agressivo no exterior, férreo e desapiedado no interior, isto é, antisocial e antivital e, por isso, o levará a um desequilíbrio biológico que lhe acarretará, em um determinado ponto, fatalmente, uma ruptura e a ruína. A espantosa irracionalidade do racionalismo moderno não alcançou esta verdade elementar: opressão, extorsão, violência, são forças negativas que por isso se destroem e jamais poderão construir, porque essa função construtiva só se pode encontrar nas forças positivas, que são a convicção, a colaboração, a confiança. O racionalismo não compreendeu que o materialismo é um impulso negativo que tende à destruição de tudo, inclusive de quem o pratica. É verdade que ele acredita poder prescindir da alma, como o negar-lhe a existência. Mas o homem permanece um ser com alma. Ele não é um número, uma máquina de produção, um cálculo econômico. É um ser humano. As construções do racionalismo moderno são construções contra as quais a vida se rebela. E a vida esfrangalha tudo que lhe constitua obstáculo. Certas leis que representam o pensamento e a vontade de Deus não podem ser plasmadas por nenhum poder humano.

É necessário que o espiritualista veja todos os aspectos da vida e não se limite à repetição estereotipada das fórmulas da sua religião ou grupo, quaisquer sejam elas. Existem hoje males gigantescos nesta nossa época convulsionada, são problemas formidáveis mas eles já foram denunciados, sentidos, investigados, e enfrentados com vigor e nova fé. O materialismo é um assalto que invade toda a nossa vida, opondo-se às forças do espírito. Mas esse assalto serve justamente para despertá-los e desenvolvê-los Jamais nasce tanta fé como nos tempos de descrença e tantos mártires e heróis se formam como sob a opressão. Os dois movimentos, pois, da autodestruição do materialismo e da reação do espirito, concorrem para a mesma meta.

Não se aflijam os bons, porque são os mais fortes. Carlyle dizia no Sintomas dos Tempos: "A verdade é que aquele que possui uma sabedoria imensa uma verdade espiritual ainda desconhecida, é mais forte, não do que dez mil homens, porém, mais do que todos os homens que não a possuem. Ele os supera com uma força eterna, angélica, como que empunhando uma espada forjada na harmonia dos céus, uma espada à qual não poderá eficazmente resistir uma couraça ou uma torre de bronze".

É necessário que o evoluído, que é mais inteligente, observe as vias do mal e os métodos do involuído. Este, para dominar, permanece encerrado em um sistema que o torna um projétil lançado para a autodestruição. A organização dos involuídos, para manter-se com a força, que é o seu meio, atrai e deve cercar-se dos piores elementos da sociedade, destituídos de inteligência, de cultura e de piedade. Que rendimento se pode obter deles? Ela deve temer o despertar do senso de humanidade que está na alma deles, e não no embrutecimento que possa destruir a alma. O nosso tempo procura fabricar homens em série, o homem-máquina de produção, (o grande produto da moderna técnica científica), no qual não é o espírito que comanda a máquina para os seus fins superiores, mas e a máquina que a sujeita ao espírito. É necessário atentar para esse homem, que é imagem de Deus, ligado por Satanás à máquina. Seguindo Satanás, o mundo moderno conseguiria inverter um meio de libertação em um instrumento de escravidão. A vida possui limites de resistência e incríveis meios de reação. Quantas almas agonizam, asfixiadas pelo materialismo moderno Qual é o seu limite de resistência? Quando se despedaçarão elas no desespero? E que reação nascerá deste desespero? Eis os males recentes da história, o imponderável que se negligencia, a invisível ação de Deus! As dores se somam, montanhas de mortes se acumulam, a vida ulula desesperada porque foi traída com as promessas do paraíso da ciência materialista. Quando irromperá o equilíbrio? É a vida que dirige a história e ninguém pode resistir à vontade da vida que não quer morrer. Ela não morreu no tempo e não pode morrer agora. A força bruta tenta conter cada vez mais a maré da reação. Mas esta sobe, sobe tácita e constante. Em um dado momento atravessará e romperá os diques. Será a destruição apocalíptica da fase atual. Hoje estamos na era da mitra e da bomba atômica, na era da destruição. Uma certa percentagem de destruição e de mortes justifica-se com a vitória, que pode transformar a carnificina em sacro holocausto. Mas além de um certo limite, frente a frente com a catástrofe, não há idealização de morte e martírio que valha. A morte aparece então na sua verdadeira e horrenda luz, e a vida se rebela; além de um dado limite não há vitória que possa compensar e justificar as perdas, tornar razoável e útil o sacrifício. Este então se torna assassínio ou suicídio. Ora, quando um sistema, para manter-se, coliga-se à necessidade de um sacrifício crescente, o limite da destruição deve tarde ou cedo chegar. Refazer os passos não é mais possível, porque seria necessário tragar toda a dor e morte semeadas, neutralizando-se com renovada alegria e vida. Faz-se mister, pois, avançar, e avançar sempre para o abismo. É terrível não se poder parar, não se poder retroceder. Nas vias do bem, como nas do mal, marcha-se sempre até atingir-se o fundo permitido pelo sistema e o progresso, que em tal caminho se faz cada vez mais perigoso, difícil e catastrófico. O método da função implica destruição, e a destruição chama a destruição. "Abyssus abyssum invocat” 27 Cada vez mais. É um afundamento satânico de tudo.

E para que serve tudo isto? Deus o sabe e a vida o expressará. Certamente o presente serve para forjar o futuro, pois que de outro modo não poderá ter sentido. Serve para isto mesmo quando na mente dos homens o presente pareça feito unicamente para si ou para destruir o futuro. De tantas imensas construções ideológicas, sociais, econômicas, religiosas de hoje, talvez não reste senão algo de lateral, atualmente ainda não previsto na verdade. Tantos são os secretos fins da história, ignorados pelos homens. A vida revoltar-se-á contra a máquina e pretenderá viver livre no espírito. A ciência com que a orientação materialista quis trair o mundo, inverter-se-á para demonstrar a alma e Deus, e guiar-nos pelas vias do espírito, para a evolução. O atual movi ento materialista, não mantido compacto por ideais e metas superiores, traído pela força e pela riqueza em que acredita, desagregar-se-á. Homens que não acreditam no sacrifício e no amor fraterno, que leva à compensação, saltarão à garganta de outros homens idênticos. O utilitarismo conduz à traição. Homens e povos criam no seu pensamento e ação um sistema de forças que depois os domina. Esse sistema é uma nêmese e esta pesa sobre o mundo moderno. Foi desejado e de então por diante é fatal, até o fundo. As religiões do ódio organizado, o método da destruição científica, uma semelhante psicologia absorvida e vivida em ação por tanto tempo, devem produzir os seus frutos, sem possibilidade de evasão.

Até quando a força bruta das almas bastará para suprir a falta de inteligência que mostra que a vida social não se pode realizar sem confiança e colaboração? Um sistema baseado na violência não pode passar de instrumento de destruição. Não vale nada como meio construtivo e deve, pois, fatalmente dissolver-se no caos. Praticamente isto significara uma perda progressiva. Por aqui se vê que a teoria do mal, levado à autodestruição fatalmente pelo próprio sistema, não é apenas filosófico, mas uma realidade prática. Satanás trabalha sempre em perda, mesmo quando opera racionalmente e cientificamente, ainda quando dispondo de todos os meios de riqueza, astúcia e força. No balanço final, a colheita dos esforços despendidos é uma traição. Satanás não paga senão em moeda falsa. Isto é dado pelo sistema. Apostar no mal é um mau negócio. Este é o calcanhar de Aquiles do mundo moderno, verdadeiro colosso de pés de barro. O complexo racionalismo do nosso tempo está sobremaneira carregado de cultura e encerrado na mecânica da sua lógica para compreender uma causa tão simples. Apoiar o próprio  poder nos involuídos, apostar nos piores, nos extratos inferiores da sociedade iludindo-os que sejam os senhores, que antes deveriam ser educados para aquilo que não sabem fazer; não ter em defesa senão mandíbulas de lobo e procurar as soluções do problema no ventre aberto do próximo — isto tudo não pode acarretar senão a ruína. A salvação e o futuro só podem estar no contrário, isto é, no apoio aos evoluídos, na aposta nos melhores, nas camadas não econômicas, mas biologicamente mais avançadas, que têm consciência do duro encargo a assumir; em ter como defesa a justiça e procurar a solução dos problemas no bem do próximo. Tudo isto é assim porque nenhum homem, por mais poderoso que seja na terra, pode impedir que a vida queira, não uma solução às avessas, artificial, mas uma solução dos mais inteligentes, do mais trabalhador e produtivo, do mais apto a colaborar, confraternizando em sociedade.

Concluindo, saudamos na forma de pensamento e de ação que o materialismo nos deu, um instrumento de Deus, para nos abrir as portas da nova civilização do espírito.

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25 Este capítulo, e alguns dos seguintes foram, pelo mesmo autor, tratados em artigos publicados em 1948-49, em revistas italianas e estrangeiras. (N. do A.)

26 "O homem é o lobo do homem". (N. do T.).

27 "Um abismo atrai outro". (N. do T.)